Na terça-feira (08/02/2022), o Departamento de Justiça dos Estados Unidos (“DOJ”) efetuou a maior apreensão financeira de sua história. Dois indivíduos foram apreendidos em Manhattan, Nova Iorque, sob acusação de conspiração para lavar o dinheiro obtido por meio de criptomoedas roubadas durante o ataque hacker de 2016 à Bitfinex, uma exchange de criptomoedas. O montante roubado é avaliado hoje em US$4.5 bilhões, dos quais US$3.6 bilhões foram recuperados pelo DOJ.
Os suspeitos foram submetidos à sua primeira audiência em corte federal hoje. De acordo com os documentos apresentados ao juízo, os 94.000 bitcoins apreendidos configuram parte dos 119.754 bitcoins roubados da Bitfinex por meio de 2.000 transações ilegais. Para lavar os valores obtidos, os suspeitos realizaram investimentos em ouro, obras de arte, outras criptomoedas e Non-Fungible Tokens (“NFTs”), além de transações automatizadas para uma miríade de exchanges e mercados da darknet em uma prática conhecida como chain hopping, que tem por finalidade criar uma falsa trilha de legitimidade verificável por meio da Blockchain.
A investigação contou com participação de diversas agências americanas e com cooperação de suas contrapartes alemãs. Por meio de uma abordagem de follow the money, as autoridades obtiveram acesso a arquivos em contas dos suspeitos contendo chaves de acesso às carteiras com as criptomoedas roubadas. Esta operação é um marco na história financeira dos Estados Unidos e na história global dos criptoativos, uma vez que derruba o mito da irrastreabilidade das criptomoedas, além de evidenciar que a tecnologia Blockchain, longe de ser uma garantia de anonimato e segurança para a prática de crimes financeiros e de lavagem de dinheiro, pode ser utilizada pelos órgãos competentes para identificar os perpetradores de práticas ilegais.
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